sábado, 18 de setembro de 2010

POR QUÊ? -REFLEXÕES DE UM LOUCO PENSADOR

Um dia você nasce, outro você morre. É a lei da vida, pelo menos até chegar a "intervenção divina". Más... Como isso por enquanto não acontece, temos que vivê-la até que esta chegue ao fim.
Essa vida cheia de tribulações, problemas, dores de cabeça... Poxa vida, por que não me deixaram quieto dentro da bolsa escrotal? Más, fazer o que, não é? Meu "instinto de espermatozóide", ou "a força da natureza", seja lá como isso pode ser classificado, me forçou a ser o mais forte e fecundar o óvulo de minha mãe. E, pra piorar tudo, descobri que fui um acidente. Quer dizer, além de não ter pedido pra nascer, eu descobri que eu NÃO devia ter nascido! É uma coisa de louco, sinceramente. Agora cá estou eu, vivendo na era do Aquecimento Global, gripe suína, violência em cada esquina, corrupção em tudo quanto é lado... Daí eu pergundo: Isso é vida? ISSO É VIDA?
Pois eu respondo: NÃO! Claro que não. Más eu vou fazer o quê? Já que eu estou aqui, vou viver e aguentar essa loucura toda mesmo. Aliás, acho até que o termo "loucura" não é muito apropriado. Tem que ser algo mais... Vamos dizer assim... "Turbulento". É. Isso mesmo. Me sinto como num avião. Como uma pessoa que nunca andou de avião na vida e, quando tem a oportunidade de fazer isso pela primeira vez, fica apreensiva pensando na possibilidade de que a aeronave venha a cair, explodindo e transformando-a em micro pedacinhos carborizados.
A trajetória da vida nos traz muitos momentos de insegurança, assim como num passageiro de avião de primeira viagem. Você não sabe o que vai acontecer durante essa viagem. Bom, eu sei que da trajetória, ou "viagem" da vida, nós sairemos mortos mesmo, isso não tem jeito de reverter, e é isso que me deixa ainda mais revoltado. Se é pra sofrer, enfrentar filas no SUS, ter dores de cabeça com contas, ficar velho, doente e depois MORRER, pra que NASCER?
A nossa vida passa num piscar de olhos. Tem gente que não tem nem a oportunidade de piscar e já ta morto!
PRA QUÊ? PRA QUÊ?!
Ninguém sabe...
Fica aí a icógnita. Tantas perguntas sem respostas...
LUCIDEZ- GUTENBERG, O EQUILIBRISTA.

- Eu sou Gutenberg! O melhor equilibrista do mundo!
Gutenberg bradava com entusiasmo do alto de uma enorme torre. Seu número estava prestes a começar. Lá do alto só se via pequenas cabeças curiosas que olhavam aquela figura misteriosa naquela torre gigantesca:
- O que ele fará? - perguntavam-se os expectadores.
- Gutenberg é o melhor!-bradava ele-. Meu número de equilibrismo é o mais impressionante do mundo! Ninguém nunca foi melhor que eu, e jamais haverá alguém igual! -bradava ele com orgulho.
Gutenberg sobe na beirada fina da torre e, pé ante pé, braços abertos, começa a caminhar equilibrando-se com muita classe. Ele se sentia feliz. Livre e leve. O vento soprava-lhe o rosto e fazia-o sentir-se como um pássaro. E ele o era agora. Não era mais equilibrista. Era o pásaro mais bonito que havia no mundo. Seu vôo era o mais perfeito, e plainava no ar com tamanha perfeição que nenhuma outra ave seria capaz de fazer.
E Gutenberg se deixa levar ao sabor do vento, de olhos fechados. Um sorriso de satisfação lhe brotou no rosto de tamanha felicidade. Abriu os olhos. Más, para sua surpresa, o que viu não foram penas magníficas, tampouco uma torre gigantesca e maravilhosa. Via apenas dois braços e duas pernas e o topo de um enorme edifício que se distanciava cada vez mais. O vento soprava cada vez mais forte. "Como eu queria poder voar", pensava Gutenberg. Más sorriu ao lembrar-se das cores luminosas e diversas do arco-íris, e o quão bonito é este lindo arco de beleza natural. Gutenberg fechou os olhos, e sentiu o vento forte que soprava enquanto deixava a gravidade tomar conta de seu corpo e levá-lo em direção ao chão que se aproximava cada vez mais rápido. "A linda ave agora descansará", pensou ele antes de entrar em contato com chão de concreto.
Logo surgiu uma aglomeração. Alguns preocupados e muitos curiosos rodeavam aquele corpo estirado no chão:
- Vejam só, -disse um homem- Cai de uma altura dessa e ainda consegue morrer sorrindo.
REFLEXÕES SOBRE O MUNDO CONTEMPORÂNEO

Na correria do dia-a-dia, com trabalho, estudos e tudo mais, a pressa se torna uma aliada involuntariamente. Tudo se torna superficial nesses tempos modernos. E quando alguém encontra um conhecido, que não vê a tempos nessa correria intensa, uma boa conversa se resume em frases curtas e apressadas nos pequenos segundos de duração da brecha de um sinal fechado. Seria mais ou menos assim:




Essa música foi composta a mais de 40 anos, por esse gênio da Música Brasileira, e retratava originalmente a vida urbana na época da ditadura. Más o tema dessa música ganhou mais vida e sentido atualmente, pois mostra o que está acontecendo com as pessoas em virtude das atribulações, anseios por uma vida melhor,o que acaba resultando numa pressa inevitável. Nos mostra o modo em que as pessoas são forçadas a ver as coisas ao seu redor: de relance, de fora, sem detalhes, na busca incessante por estabilidade na vida e um futuro melhor.

Abaixo, um poema de minha autoria que retrata o mesmo assunto.

QUERO

Quero parar más não consigo
Tudo é um movimento constante
Se eu parar não sobrevivo

Quero esperar, respirar fundo
Más tenho medo de me perder
Na pura míngua deste mundo

Quero esperar, não sei se posso
Não quero ficar pra trás
Nem num buraco sem fundo

Quero buscar meu bem estar
Só corro atrás do meu futuro
Más este custa a chegar

Quero uma cadeira de balanço
Quero um falar simples e manso
Quero um belo dia de descanso

Quero uma conversa de horas
Tocar viola na varanda
Ver crescer minhas crianças

Quero envelhecer calmo e sereno
Com um sorriso verdadeiro no rosto
E adormecer na eternidade, honroso

Más querer não é poder agora
Vou correndo contra o tempo
Que sempre tira-me rapidamente a hora

Desculpe, não posso mais falar
O tempo agora está passando
E este não pode escapar