sábado, 18 de setembro de 2010

LUCIDEZ- GUTENBERG, O EQUILIBRISTA.

- Eu sou Gutenberg! O melhor equilibrista do mundo!
Gutenberg bradava com entusiasmo do alto de uma enorme torre. Seu número estava prestes a começar. Lá do alto só se via pequenas cabeças curiosas que olhavam aquela figura misteriosa naquela torre gigantesca:
- O que ele fará? - perguntavam-se os expectadores.
- Gutenberg é o melhor!-bradava ele-. Meu número de equilibrismo é o mais impressionante do mundo! Ninguém nunca foi melhor que eu, e jamais haverá alguém igual! -bradava ele com orgulho.
Gutenberg sobe na beirada fina da torre e, pé ante pé, braços abertos, começa a caminhar equilibrando-se com muita classe. Ele se sentia feliz. Livre e leve. O vento soprava-lhe o rosto e fazia-o sentir-se como um pássaro. E ele o era agora. Não era mais equilibrista. Era o pásaro mais bonito que havia no mundo. Seu vôo era o mais perfeito, e plainava no ar com tamanha perfeição que nenhuma outra ave seria capaz de fazer.
E Gutenberg se deixa levar ao sabor do vento, de olhos fechados. Um sorriso de satisfação lhe brotou no rosto de tamanha felicidade. Abriu os olhos. Más, para sua surpresa, o que viu não foram penas magníficas, tampouco uma torre gigantesca e maravilhosa. Via apenas dois braços e duas pernas e o topo de um enorme edifício que se distanciava cada vez mais. O vento soprava cada vez mais forte. "Como eu queria poder voar", pensava Gutenberg. Más sorriu ao lembrar-se das cores luminosas e diversas do arco-íris, e o quão bonito é este lindo arco de beleza natural. Gutenberg fechou os olhos, e sentiu o vento forte que soprava enquanto deixava a gravidade tomar conta de seu corpo e levá-lo em direção ao chão que se aproximava cada vez mais rápido. "A linda ave agora descansará", pensou ele antes de entrar em contato com chão de concreto.
Logo surgiu uma aglomeração. Alguns preocupados e muitos curiosos rodeavam aquele corpo estirado no chão:
- Vejam só, -disse um homem- Cai de uma altura dessa e ainda consegue morrer sorrindo.

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